quinta-feira, 10 de outubro de 2013

USO DE CONDICIONADORES DE SOLO COMPOSTO POR Trichoderma asperellum NA PRODUÇÃO DA ALFACE.


O emprego de condicionadores é uma alternativa interessante na recuperação de solos desgastados, pelo uso intensivo e inadequado. Beauclair et al (2007), consideram que, condicionadores de solo, são produtos que concentram grandes quantidades de matéria orgânica, derivados muita vezes de turfas e ricos em ácidos húmicos, muitas vezes, associados a fontes de macronutrientes e micronutrientes, capazes de devolver aos solos a fertilidade e equilíbrio físico químico e biológico, destruídos por práticas agrícolas equivocadas. Por outro lado, Chen; Aviad (1990) e Piccolo et al, (1993) relatam que ácidos húmicos e fúlvicos resultantes da decomposição destes produtos orgânicos, melhoram a germinação de sementes, o enraizamento, o desenvolvimento e a produção vegetal.
O Trichoderma é um fungo habitante natural do solo. Ele tem a capacidade de se alimentar ou produzir substâncias que inibem o crescimento de diversos patógenos habitantes do solo, como Fusarium, Rhizoctonia e Sclerotinia. Atual também na decomposição e mineralização dos resíduos vegetais, contribuindo com a disponibilização de nutrientes para as plantas (torna os nutrientes mais solúveis) permitindo maior e mais rápida absorção resultando, geralmente, em aumento da área radicular da planta, acompanhado do aumento da massa verde em culturas que são tratadas com Trichoderma spp.
Neste trabalho, foi utilizada a cultura da alface, planta está que é cultivada em todas as regiões brasileiras, é a principal salada consumida in natura pelos brasileiros. O cultivo no Brasil é caracterizado pela produção intensiva, pelo cultivo em pequenas áreas e por produtores familiares, gerando cerca de cinco empregos diretos por hectare (COSTA; SALA, 2005). Haja vista sua importância na dieta do brasileiro é salutar que a alface seja produzida com o mínimo de agrotóxico possível. Para tal, a CALZAVARA CONSULTORIA EM AGRONEGÓCIOS em parceria com o LABORATÓRIO FARROUPILHA – Soluções Biológicas, sediado em Patos de Minas realizaram este experimento com o Produtor ORGANIC® que é composto por esporos de Trichoderma asperellum, na concentração de 1x104 ufc/g (10.000 mil esporos por grama), com o objetivo de avaliar a influência deste condicionador de solo no rendimento da cultura.

MATERIAL E METODOS

O Produto ORGANIC® foi aplicado nas dosagens de: Zero (testemunha), 50, 100; 150 e 200 kg/ha. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso com 5 repetições. A alface utilizada foi do grupo crespa e as variáveis analisadas foram: Massa fresca das folhas e das raízes (peso), o número de folhas maiores e menores que 10 cm e número de folhas por planta. 
As mudas de alface foram produzidas em bandejas. O transplantio foi realizado no dia 12/07/2013 em canteiros previamente tratados com as dosagens determinadas anteriormente, sendo, o produto incorporado ao solo após a confecção dos canteiros. Cada parcela foi constituída de 2,0 m de comprimento por 1,0 m de largura e receberam além do Organic®, 10 kg/m2 de esterco de curral previamente curtido. As mudas foram transplantadas nas parcelas quando apresentavam 3 folhas abertas. O espaçamento entre plantas foi o de 25 x 25 cm.
A colheita foi realizada no dia sete de setembro de 2013, sendo analisadas (Colhidas) 10 plantas centrais de cada parcela, deixando as demais como bordadura. As plantas foram irrigadas por aspersão, não foram realizadas aplicações de inseticidas e/ou fungicidas. 15 dias após o transplante das mudas realizou-se a aplicação de 90 g de Ureia/parcela em cobertura. As capinas foram realizadas manualmente. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, sendo as médias comparadas entre si pelo teste de Tukey com probabilidade de 5% de erro. 

 Resultados e Discussão

            Os dados foram submetidos a análises de variância e as médias foram comparadas pelo teste de TuKey (p<0,01). As médias e os coeficientes de estão apresentados na Tabela 2. Nesta observa-se que para a variável número de folhas maiores que 10 cm, ocorreram diferenças significativas entre o tratamento testemunha e os demais tratamentos. Observa-se ainda que mesmo não diferindo estatisticamente, os tratamentos com 50 e 100 Kg/ha foram os que obtiveram as maiores valores médios.
            A analise para a variável, número de folhas menores que 10 cm, não detectou diferenças significativas entre os tratamentos, evidenciando que esta variável não tem efeito sobre o número de folhas totais por planta. Quando analisado o número de folhas por planta, observou-se efeito significativo entre a testemunha e os tratamentos com Organic®, conforme apresentado na Tabela 2. Confirmando estes resultados, como era de se esperar a analise da variável peso da parte aérea (g), também apresentou efeito significativo entre o tratamento testemunha e as demais dosagens do produto.

Tabela 2. Resultados dos testes de médias para as variáveis, número de folhas maiores que 10 cm (NF>10), número de folhas menores que 10 cm (NF<10), número de folhas por planta (NFP) e o peso da parte aérea (PPA) das plantas de alface submetidas a doses crescentes do produto Orcganic®.
Tratamentos
Kg/ha
NF>10
NF<10
NFP
PPA (g)
0
19,2   b
4,3 a
23,3   b
287,3   b
50
21,7 a
4,4 a
26,1 a
345,1 a
100
21,5 a
4,3 a
25,8 a
350,0 a
150
20,9 a
4,3 a
25,1 a
351,4 a
200
20,7 a
4,4 a
25,5 a
361,1 a
CV%
9,75
20,98
8,37
12,95
D.M.S.
1,25
0,56
1,29
27,05

Traduzindo estes resultados em valores absolutos, quando comparados o melhor e o pior resultado (testemunha) de cada tratamento, encontramos diferenças da ordem de 2,47 folhas maiores que 10 cm (NF>10) produzidas a mais que a testemunha; 2,8 folhas por planta (NFP) e 73,8 g a mais, para o peso da parte aérea (PPA), quando comparada com a testemunha. Considerando os espaçamentos de plantio utilizados neste experimento (25 cm x 25 cm) temos uma densidade de 16 plantas por m2. Se multiplicarmos as diferenças detectadas acima, pelo número de plantas contidas em 1 m2 (16 plantas) temos a produção ou rendimento a mais por m2 de horta/canteiro. Ou seja: 16 plantas m2 x 2,47 = 39,52 NF>10/m2 de horta/canteiro. Aplicando o mesmo raciocínio temos 44,8 folhas a mais por m2 e 1,18 kg de PPA a mais por m2.
Na Tabela 3, estão apresentados os dados para as variáveis, comprimento e peso do sistema radicular das plantas de alface. Nesta observa-se que para a variável, comprimento do sistema radicular o melhor resultado foi obtido quando aplicado 200 kg/ha do produto Organic®. Já para a variável peso do sistema radicular, a testemunha não diferiu do tratamento com 100 kg/ha, mas diferiu dos demais. Não se tem uma explicação lógica e convincente para o resultado do tratamento com 100 kg/ha, não diferir do tratamento testemunha, pois aparentemente, as raízes não apresentavam sintomas do ataque de doenças ou pragas.

Tabela 3. Resultados dos testes de médias para as variáveis, comprimento do sistema radicular (CR) e peso das raízes (PR) das plantas de alface submetidas a doses crescentes do produto Orcganic®.
Tratamentos
CR (cm)
PR (g)
0
15,27    b
18,45    c
50
15,90  ab
22,10 ab
100
16,42  ab
20,50   bc
150
15,75  ab
23,10 ab
200
17,30  a
23,70 a
CV%
15,95
20,47
D.M.S.
1,58
2,72

            A seguir são apresentadas as representações gráficas das variáveis analisadas, já discutidas anteriormente.

 

Agradecimentos aos alunos:

Igor de Souza Pasin
Leonardo Fernandes
João Vitor
Gilmar Pagliaro

REFERÊNCIAS

BEAUCLAIR, E. G. F.; OTAVIANO, J. A.; MALFATO, C.A.. Condicionador orgânico de solo no incremento da produtividade da cana. Idea News, Ribeirão Preto, SP, 2007, 30 p.
CHEN, Y.; AVIAD, T. Effects of humic substances on plant growth. In MacCARTH, Y, ed. Humic substances in soil and crop science: selected readings. Madison, SSSA, 1990, p 161-200.

COSTA, C. P. da; SALA, F. C. A evolução da alfacicultura brasileira. Horticultura Brasileira, Brasília, DF, v. 23, n. 1, jan./mar., 2005. Artigo de capa.

PICOLLO, A.; CELANO, G.; PIETRANELLA, G. Effects of fractions of coal derived humic substances on seed germination and growth of seedlings L. sativa and L. sculentum. Biol and Fert. of soils, N.Y, v 6, 11-15, 1993.